Importância Ambiental

A importância dos Montados de Sobro em Portugal –
Artigo de Domingos Patacho, Quercus

O Sobreiro (Quercus suber) (http://www.minerva.uevora.pt/ publicar/cortica/Osobreiro.htm) é  uma espécie florestal autóctone que se distribui pela zona ocidental da região Mediterrânica, onde se faz sentir a influência Atlântica, essencial em termos climáticos para diminuir as elevadas amplitudes térmicas e a secura estival características do clima mediterrânico. Estas características ocorrem sobretudo em Portugal, pelo que é no nosso País onde se encontra o óptimo ecológico do sobreiro que se encontra distribuído por todo o território continental nacional, com excepção em altitudes elevadas e zonas com temperaturas muito baixas no Inverno.
Os sobreiros ocorrem geralmente associados em povoamentos, formando os montados de sobro e sobreirais, que são ecossistemas florestais muito importantes tanto em termos ambientais como sócio-económicos.
Encontramos o Sobreiro com alguma frequência a Norte do Tejo em zonas onde dominam também o Castanheiro (Castanea sativa), os Carvalhos alvarinhos ou roble (Quercus robur), o Carvalho cerquinho ou português (Quercus faginea) e o Carvalho negral (Quercus pyrenaica), ocorrendo mais frequentemente no Alentejo e Beira Baixa associado em alguns locais à Azinheira (Quercus rotundifolia) onde forma os montados mistos de sobro e azinho.

No litoral Norte e Centro surge espontaneamente sob coberto do Pinhal, frequentemente com elevadas densidades que constitui verdadeiros povoamentos dominados. Também no interior do País se constata uma boa regeneração natural onde foi instalado nos últimos séculos a grande mancha de Pinheiro bravo (Pinus pinaster) (http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=55&cid=3631&bl=1), sobretudo após os grandes incêndios florestais que têm dizimado a monocultura do Pinhal, facto que se deve essencialmente à sua adaptação natural ao fogo no ecossistema mediterrânico e também à sua prévia existência enquanto espécie primitiva que ocorria antes da conversão para o Pinhal. A própria casca do Sobreiro, a cortiça é um produto natural extremamente resistente ao fogo que protege a árvore nos incêndios, o que torna o Sobreiro numa das espécies florestais mais resistentes ao fogo.

Fonte: http://www.earth-condominium.com/port/gmontado.html

A importância sócio-económica e ambiental

dos montados de sobro

O montado de sobro é um ecossistema florestal de elevada importância devido à sua gestão sustentável, dado que permite conciliar a rentabilidade da produção de cortiça e de outros bens, com a manutenção das funções ambientais destes espaços florestais.

Portugal é o maior produtor mundial de cortiça – em apenas 8% do território nacional produz-se mais de 50% da cortiça ao nível mundial.
A cortiça é a matéria-prima de uma actividade industrial, que transforma cerca de 70% do total produzido a nível global pela indústria corticeira, situação que faz do nosso País líder no sector.
A exportação de produtos de cortiça representa 3% do total das exportações nacionais e ronda os 1000 milhões de euros anuais, o que faz do País o maior exportador de cortiça e produtos de cortiça no mundo. É a única actividade económica que tem Portugal como líder mundial.

A gestão dos montados de sobro, com a exploração da cortiça gera também importantes rendimentos ao nível local e regional em parte do interior do País, pelo que é factor sócio-económico que permite manter o emprego e o equilíbrio no mundo rural.
Para além da exploração da cortiça, destacam-se a criação de espécies autóctones produtoras de carne de qualidade e de leite que são a base de indústrias agro-alimentares de importância regional e local, a apicultura, a recolha de cogumelos comestíveis, a exploração de recursos cinegéticos e as actividades turísticas relacionadas com a Natureza, como o Turismo Rural, o Agro-turismo e o Eco-turismo que encontram nestes espaços um campo de desenvolvimento privilegiado.

Em termos ambientais os montados de sobro e os sobreirais, desempenham funções importantes na conservação do solo, na regularização do ciclo hidrológico e na qualidade da água, na produção de oxigénio e consequente sequestro do carbono da atmosfera, apresentando-se também como ecossistemas florestais mediterrânicos singulares, extremamente ricos em termos de biodiversidade que estão identificados entre os mais importantes para a conservação da natureza a nível nacional e europeu.

Só em termos de avifauna, existem nos montados mais de 120 espécies, algumas com estatuto vulnerável ou ameaçadas de extinção como a Águia de bonelli, a Aguia-imperial ou a Cegonha-preta. Também o Lince-ibérico ocorreu nos sobreirais e montados portugueses, e se existir no futuro a recuperação da sua população, poderá voltar a ocorrer em Portugal, dada a disponibilidade de habitat existente.

Estes bens ambientais produzidos ainda que dificilmente quantificáveis, apresentam-se como externalidades positivas suficientemente valiosas e com interesse para toda a Humanidade.

Associativismo Florestal

Nas últimas décadas foi promovido o associativismo florestal, existindo actualmente, a nível nacional, cerca de 50 Associações de Proprietários e Produtores Florestais com expressão relevante nas zonas de produção suberícola, que contam com técnicos florestais que intervêm activamente junto dos seus associados, efectuando um contributo positivo para a gestão sustentável do montado e para a produção suberícola.

Espera-se que o esforço dispendioso no último decénio na criação de novas áreas e na beneficiação das existentes, mesmo atendendo a alguma taxa de insucesso, se traduza não só no aumento da área de ocupação, mas também na qualidade dos povoamentos para produção. Na área da transformação existem duas associações que representam o sector suberagrícola a APCOR e a AIEC as quais trabalham no desenvolvimento e promoção do sector.

Foi criada em 2004 a FIL- CORK, organização inter-profissional da fileira da cortiça, desde a produção à transformação e comércio, que constitui um fórum privilegiado de concertação entre os diversos agentes intervenientes na fileira da cortiça, a qual deverá começar a desenvolver e valorizar a fileira.

Fontes: http://www.amorim.com/cor_noticias_detail.php?aID=521